Desde 2011, a Arqout em parceria com a Sigmetum e o Instituto Superior de Agronomia, está a desenvolver um projecto de investigação, no âmbito do levantamento, caracterização, experimentação, produção, comercialização e divulgação de espécies autóctones.
O Projecto é apoiado por uma forte componente de investigação e um rigoroso trabalho de campo, onde estão a ser identificadas as principais séries de vegetação e caracterizadas as espécies com potencial de produção em viveiro e de utilização em projectos de arquitectura paisagista e recuperação da paisagem.
A interpretação da paisagem, baseada em conceitos e procedimentos científicos nas áreas da Botânica, Fitossociologia e Fitogeografia, permite cumprir os princípios da sustentabilidade e transpor o conceito para os espaços exteriores.
AUTÓCTONES? PORQUÊ?
O arquitecto paisagista ao longo da sua formação adquire os conhecimentos técnicos e científicos que serão a base da sua intervenção na paisagem. Assim a sensibilização para a importância da vegetação autóctone é fundamentada em conceitos e metodologias que muitas vezes se revelam dificeis de aplicar quando inicia o seu percurso profissional.
Este projecto surge da necessidade de investigar, caracterizar e divulgar a vegetação autóctone portuguesa de forma a permitir a sua correcta utilização, uma vez que a flora portuguesa tem um grande valor ornamental.
É fundamental conhecer a vegetação autóctone, interpretar correctamente a paisagem onde se pretende intervir, mas também ter informação sobre disponibilidade das espécies em questão.
A investigação, divulgação e utilização da vegetação autóctone é fundamental para a protecção e preservação da biodiversidade e ecossistemas e será a base da unidade da paisagem.
Vantagens das Espécies Autóctones:
Fácil adaptação;
Resistência a oscilações climáticas;
Baixos consumos de água;
Manutenção reduzida;
Integração na Paisagem;
Equilíbrio ecológico;
Fomento do desenvolvimento dos ecossistemas em que ocorrem;
Biodiversidade local;
Gennius locci (espirito do lugar)
METODOLOGIA
Identificação e caracterização das principais séries de vegetação a nível nacional;
Caracterização de espécies autóctones, apoiada por uma base de conhecimento na área da Botânica, Fitossociologia e Fitogeografia combinada com a informação adquirida no trabalho de campo;
Identificação de locais de recolha de sementes e selecção das espécies potenciais de serem produzidas em viveiro e de utilização em projectos de arquitectura paisagista;
Experimentação e investigação de processos produtivos;
Definição de novas metodologias de intervenção na paisagem e nos espaços exteriores;
Desenvolvimento de uma base de dados com informação actualizada sobre vegetação autóctone e sobre a sua disponibilidade no mercado português.
SAIDAS DE CAMPO
As espécies autóctones, indígenas, espontâneas ou nativas são originárias de uma determinada área, crescem em comunidades com outras espécies vegetais e animais, providenciando protecção e alimento.
A diversidade de condições ecológicas justifica as variações da ocupação vegetal no território. Desta forma, podemos reconhecer grupos de espécies com desenvolvimento, resistências e características semelhantes em determinadas condições, de acordo com o seu habitat natural, e identificar diferentes séries de vegetação.
O trabalho de campo está a ser desenvolvido com base em cartografia já desenvolvida ao nível da caracterização das principais de séries de vegetação. Tem como objectivo o levantamento e inventário das mesmas séries de vegetação e, ao mesmo tempo, a interpretação da paisagem nos seus componentes estruturais.
O conhecimento profundo da paisagem permitirá orientar qualquer intervenção na sua vertente mais correcta, do ponto de vista técnico e científico.
Ao longo das saidas de campo são comprovados conceitos teóricos que fundamentam a distribuição da vegetação autóctone na paisagem e condicionadas por factores climáticos, fisiográficos, edáficos e bióticos.